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Estilista amazonense emociona e é aplaudido de pé em sua estreia na São Paulo Fashion Week

O estilista manauara Maurício Duarte, de 28 anos, emocionou e foi aplaudido de pé pelo público em sua estreia na São Paulo Fashion Week (SPFW), a maior semana de moda da América Latina. O desfile da primeira coleção presencial do estilista, intitulada ‘Tramas’, foi apresentado no último sábado (27), em São Paulo.

Maurício é indígena, pertencente ao povo Kaixana, localizado no Alto Solimões, e foi destaque no evento, levando moda, política e cultura para as passarelas. Ele é o primeiro designer e estilista do Amazonas a participar da SPWF. O desfile da marca do estilista que leva o seu nome teve direito a protesto contra o marco temporal das terras indígenas. Os modelos levaram faixas contra o Projeto de Lei (PL) 490 que prevê mudanças no reconhecimento da demarcação das terras e do acesso a povos isolados.

Segundo o estilista, a coleção  “Tramas” recebe esse nome por abordar a construção das cestarias indígenas, que são um patrimônio cultural dos povos originários do Amazonas. Para a produção coleção, houve a participação de 16 comunidades indígenas distintas, que contribuíram na confecção dos artesanatos, compartilhando seus conhecimentos, habilidades artísticas e conexões ancestrais.”Falar sobre ‘Trama’ é falar sobre aquilo que construímos, como uma teia tecida pelocoletivo que somos. Mesmo sendo de diferentes povos, que carregam os mesmoscostumes e compartilham características históricas semelhantes. Estamos lutando peloreconhecimento e visibilidade, buscando que as pessoas conheçam nossas tradições eculturas além dos meios midiáticos”, destacou Maurício.

Todo o processo de confecção das peças foi realizado manualmente, com a colaboração de artesãos, refletindo a cultura e o fazer manual. Maurício destaca que sua marca carrega a força de suas raízes indígenas.”O propósito é transmitir através da moda a importância dos saberes ancestrais, demonstrando em cada uma de nossas peças a mesma força das pinturas corporais do nosso povo”, disse.”Construída e pautada por princípios de sustentabilidade e economia circular, focamos nos processos criativos de maneira artesanal e slow fashion. Acreditamos em um novo mundo de possibilidades, parcerias e oportunidades agregando toda a riqueza cultural, ancestral e a biodiversidade existente na Amazônia”, completou.

O desfile contou com a participação de modelos indígenas, e performance do grupo Wotchimaūcü que assumiu a responsabilidade de expressar a voz dos anciãos e pessoas mais velhas, que com seu canto compartilhou a história de todo um povo na passarela.