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Governo nomeia primeira mulher indígena para Funai no Rio Negro

O governo federal nomeou a liderança indígena Maria do Rosário para assumir o cargo de titular na Coordenação Regional (CR) da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) no Alto Rio Negro, em São Gabriel da Cachoeira (AM). É a primeira vez que uma mulher ocupa o posto. O nome foi indicado pelos próprios indígenas.

“Chegamos a essa vitória após anos de luta. Esse momento histórico é nosso, do povo indígena”, disse a nova coordenadora, segundo press-release divulgado pela Funai.

Além dela, foram nomeados também o o coordenador do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Alto Rio Negro, Luiz Brazão, o presidente regional do Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi), Jovânio Normando, e o chefe da Unidade de Conservação Pico da Neblina, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Daniel Assis.

Para o presidente da Federação das Organizações Indígenas do Alto Rio Negro (Foirn), Marivelton Baré, as nomeações são uma vitória do movimento indígena. Ele citou a reestruturação dos órgãos federais como primeira necessidade dessa nova gestão.

 “A Funai precisa de recursos humanos e infraestrutura para as coordenações técnicas conseguirem trabalhar no território. Já o Dsei precisa melhorar a infraestrutura dos polos-bases e melhorar os contratos para aquisição de insumos, de voadeiras e outras necessidades”, pontuou.

O evento de posse dos indicados aconteceu na última sexta-feira em São Gabriel da Cachoeira e contou com a presença da presidente da Funai, Joenia Wapichana.

Indicações

Presidente da Articulação das Organizações Indígenas do Amazonas (Apiam), Maria Baré ressaltou que as nomeações são indicações do movimento indígena e que agora a luta será pelo fortalecimento do orçamento dos órgãos federais.

“O fato de ter indígenas à frente das coordenações é importante por terem conhecimento de causa, por saberem a realidade, porque são indígenas qualificados, porém, só a nomeação não vai ser suficiente, porque é necessário haver orçamento para a gente retomar as atividades de demarcação, de fiscalização, de monitoramento das terras indígenas”, pontuou. 

As nomeações para Alto Rio Negro são apenas algumas dentre outras que estavam pendentes deste o início do ano. Em janeiro, o governo federal exonerou os titulares das coordenações e os cargos ficaram sendo ocupados provisoriamente por servidores administrativos. 

A Apiam e outras organizações indígenas cobraram o Ministério dos Povos Indígenas, a Funai e a Casa Civil em uma série de ofícios, conforme reportado por A CRÍTICA, até que as primeiras nomeações começassem a sair. 

No Amazonas, a Funai possui seis coordenações regionais: Manaus, Rio Negro, Alto Solimões, Vale do Javari, Médio Purus e Madeira. Já os DSEI são sete: Alto Rio Negro, Alto Solimões, Manaus, Médio Rio Purus, Médio Rio Solimões, Parintins e Vale do Javari.
Segundo Maria Baré, atualmente estão pendentes apenas as nomeações para as coordenações em Manaus e Tabatinga (Alto Solimões).

“A primeira já tem indicação, o Emilson Munduruku [professor indígena]. Já a segunda tá pendente, porque os indígenas estão divergindo sobre o nome. Tem umas sete indicações. Estamos acompanhando e esperando que eles cheguem a um consenso”, explicou.