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Barcelos entra em estado de emergência em razão de vulnerabilidade dos Yanomamis

Após o Ministério Público Federal (MPF) denunciar a situação precária dos Yanomamis, o prefeito do município de Barcelos, Edson Mendes declarou nesta quinta-feira (22) com exclusividade a A Crítica que chegou a solicitar um projeto a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) para construção de um abrigo provisório para os indígenas.

O município de Barcelos (distante 399 quilômetros em linha reta de Manaus) decretou nessa quarta-feira (21) estado de emergência. A realidade mostrada pelo MPF de vulnerabilidade dos yanomami que viajam dias para resolver problemas burocráticos na sede do município, é antiga, segundo o prefeito.

Há seis meses ele chegou a acionar a Funai para a liberação de um terreno para a construção do abrigo, mas a obra não foi para frente devido a falta de orçamento.“Seis meses atrás encomendamos deles (Funai) um projeto, que não seria atribuição minha, para construir no terreno da Funai um abrigo para atender os yanomami, para atarem suas redes, fazerem suas comidas, suas necessidades, tomarem banho, mas justamente por conta do orçamento, seguramos o quanto pudemos”, declarou Edson ao afirmar que o projeto ainda está de pé e que pretende fazer um convênio ou parceria para “ter uma resposta imediata”.

O prefeito afirmou também que ao chegar no município, lideranças indígenas procuram a assistência social que libera alimentos para que os yanomami possam se manter. Os insumos são distribuídos na sede da Funai, na casa das lideranças onde ficam abrigados os indígenas e acampamentos nas praias onde eles acampam ao longo do percurso até a sede do município.“Onde não chega o alcance da Funai e do governo federal, a prefeitura chega de modo geral”. O prefeito rebateu as alegações divulgadas pelo órgão ministerial quanto à falta de atendimento médico e de merenda escolar nas comunidades indígenas.

Segundo ele, já houve  dificuldade de diálogo com o Distrito de Saúde Indígena (Dsei), mas a questão tem sido superada. Em alguns casos, por exemplo, a prefeitura tem fornecido combustível e a prefeitura disponibiliza a estrutura da UBS Fluvial. “Para você ter uma ideia, nós levamos a nossa UBS fluvial até algumas aldeias, durante a pandemia tivemos presentes em todas as aldeias levando vacinas, medicamentos, informações. A merenda escolar religiosamente é encaminhada para eles. Inclusive tivemos a inauguração da primeira escola indígena na aldeia de Ajuricaba, levei gerador de luz, eletrificação e pretendo continuar fazendo o possível. O orçamento é limitado, mas no que diz respeito à saúde e educação, a prefeitura tem feito até mais do que deveria para dar dignidade àquele povo”, declarou o prefeito.

Ele avalia positivamente a ação do MPF para obrigar o governo federal a tomar providências em relação aos indígenas.“O governo federal precisa dar uma resposta para essa questão histórica que é o estado de vulnerabilidade dos yanomamis. Eu decretei estado de emergência exatamente para que os órgãos competentes possam ter mais facilidade de acesso a verbas federais até a ponta”, concluiu o prefeito de Barcelos.